27 de mar. de 2008

Características de uma caracterização descaracterizada.

- Era o tinhoso! eu juro que vi! Tinha bigode, barba, zóio vremeio quiném uma labareda de fogo, falava grosso, eu juro que o vi!
- Entendemos senhor. Mas a delegacia é para crimes reais. Para caluniar e acusar um cidadão falsamente você deve ir á igreja.
- Eu já fui lá.
- E ai?
- O padre falo pra voceis prendê ele, pra-mode-de-que ele é o Tinhoso, o capeta, o fío-du-lúcifi...
- Senhor. Ele é o demônio ou o filho dele?
- É o demo, o fío-do-lúcifi...
- Senhor, ele é seu próprio pai e seu próprio filho?
- Isso, o tinhoso, o cão.

- E quando o senhor o viu?
- Agora a poco, mas umas meia hora e meia.
- Como é?
- Meia hora e meia.
- E isso são quantos minutos?
- Sei lá. Umas duas vorta do pontêro.
- Duas horas?
- Não umas meia hora e meia.
- Ok. No B.O eu coloco.

" Rapaz afirma ter visto o demônio e seu filho, caminhando livremente a cerca de meia-hora e meia."

-Onde o senhor o viu?
- Nos óio. Eu num vejo com a boca engraçadinho.
- Onde ele tava?
- Os óio? tava perto da minha testa.
- Onde o demônio tava?
- Caminhanu, obiscuramente, numa rua perto da minha casa. Deve ter matado uma galinha preta e invocado o satanás aquele tinhoso.
- Hã? O demonio e seu filho estavam caminhando perto de sua residencia após invocar o satanás?
- É! Isso memo. Cuntinua anotando assim que cê vai virá prefeito da cidade logo, logo. Mas acho que o tinhoso incorporou o satanás.
- Ok. Repetindo.

" Rapaz afirma ter visto o demônio e seu filho incorporando o satanás, caminhando livremente a cerca de meia-hora e meia, próximo á sua residencia."

- Isso! Tudo cértu.
- Ok. Prosseguindo. O que ele estava fazendo?
- Andanu.
- Esse é o crime?
- Isso.
- Andando onde?
- No chão né? Só Jesuis pra andá na água.
- E como você afirma tão veemente que era o demônio e seu filho incorporados pelo satanás?
- Por que tá iscritu.
- Onde?
- Na Blíbia!
- Ah! A bíblia. Sei.
- Vai matá ele?
- Não.
- Vai prender ele?
- Não.
- Vai fazê o que cum ele?
- Benzer.
- Opa! Eu conheço uma benzedera ótima.
- Qual o nome dela?
- Filha de exú.
- Isso tá "iscritu" ?
- Num tá na blíbia não, mas dá certo, uma veiz eu tava cum uma dor nas costa e ela mando tomá um chá de hortelã e rezá 3 ave maria sem falar "bendita suas vozes", e passar umas foia de hortelã no lugar que dói. Em treis meis parô de duer.
- Nossa. Mas na reza não era " bendita sois vós" ?
- Eu rezo como eu aprendi, você já tá curtinu cu a minha cara.
- Nem um pouco. Mas tá "iscritu": " bendita sois vós".
- Benedita não é a minha vó, essas palavra antiga e dificil eu num falo, falo "bendita suas vozes".
- Mas a virgem Maria tá viva?
- Não. Só Jesuis renasceu. Ela foi pro beleléu.
- Morto fala?
- Num.
- Então de que voz você tá falando?
- Eu num to falando nada. É a blíbia!
- E a bíblia é...
- É a palavra de Deus iscrita.
- Ok.
- Ok oque?
- Ok o que o que?
- Vo te acusar pro padre seu iscrivão atrevido!
- Você já viu minha barba?
- Muito das feia por sinar!
- Eu tenho voz fina?
- Num é que é bem das grossa!
- Meus olhos são vermelhos?
- Eita birosca. É você!
" O tinhoso!
O fío-d-lúcifi
O capeta
O cão
Seu fíote de cruiz-credo
Satanáis dos infernos
Seu...Seu...Seu..."

- Se o senhor me agredir verbalmente novamente será preso.
- Hora, me prende, mas oce num vai se alivrá das justiça divirna!
- Senhor. Eu não so o demo, o filho-de-lúcifer... Sou o escrivão Ezequiel.
- Magina seu demonho!! seu Cão!! Seu Imundo!! Par-dí-chifi!!
- Senhor. Sua voz de prisão foi decretada.
- Sinhô é só Deus meu fío... O seu sinhô é das treva...
- Eu to te prendendo!
- Mi prendendo!?!?!?
- Seu fío du lúcifi caluniador. Eu sô hómi di Deus. Cadeia é coisa docê seu Criminoso.

.:.

E a discussão se estendeu por toda a eternidade...