18 de dez. de 2018

Doença

Ele se tratou, mas a doença não era física.
Não estava de passagem.
Ele era a doença, e ela ele.
Aquelas vozes, aqueles sonhos, aquelas sensações.
Nada de fora o atingia, tudo já estava destruído por dentro.
Ele era seu pior inimigo, sua mente, seu corpo, sua rotina.
Tudo era detestável…
E vez ou outra ela voltava.
Com uma garrafa e uma pistola.
E a vontade de explodir tudo, a vontade de acabar tudo...
O cinzeiro e o silêncio… 

5 de nov. de 2013

Sobre o desespero

E de repente senti um súbito desespero,
uma vontade desengonçada de viver que não cabia em mim.

Decidi viver tudo o que poderia em apenas um dia.
Sentir, ser, crer...
A vida é uma só e cada segundo é tão valioso...

"Tarde demais", talvez diga-me Thanatos,
malditos sejam os segundos que desperdicei. E foram tantos...

E agora esse desespero, esse mar de mágoas no qual me afogo.
Está me deixando sem ar.

Onde estão Deus e os seus anjos agora?
Onde está a famigerada ciência agora?
Quando alguém que você ama está com câncer... Você vê que é tudo perfumaria.

Tentei chorar e não saiu uma lágrima.

Poderiam me tirar tantas coisas.
Porquê escolheram o chão?







10 de ago. de 2013

Sobre não sermos azuis



E esta foi a última exigência.
Algo sobre não sermos azuis o suficiente. Talvez quase um pouco nem tanto.

Insuficientemente.



10 de mai. de 2013

Sentimentos

Sob o azul celeste céu de maio, rodeado pelo frio da manhã, a criança no carro à frente mostrou-me seu dedo médio e também a língua.

Senti imediatamente um ódio mortal, algo romântico, como, de repente, eu odiava aquela criança.

...

Por outro lado, me despertou, ainda que por alguns segundos, sentimentos não mecânicos.

De coração, a agradeço por lembrar-me de que ainda estou vivo e de que ainda posso ser espontâneo.


14 de mar. de 2013

Nem sei como


Tenho andado sei lá como, cabeça a mil, piloto automático o dia inteiro, eu durmo na sexta-feira e já é a próxima quarta-feira.

Sinto saudades do tempo que eu enfrentava o mundo com tantas certezas, cabelos nos ombros, um pouco menos de gordura abdominal, o velho baixo na mão...
Das calças rasgadas, da vida errada, agora nem tempo para errar eu tenho.

Essa bagaça de tempo é relativa, hoje sinto que um ano é um mês, não consigo mais parar para escrever, ouvir uma música, é desesperador, e por mais que eu tente sempre estou decepcionando alguém. E o pior, nem sei como.

11 de nov. de 2011

Escola

Respondendo à pergunta: Escola serve para que?... Escola é uma fábrica de robôs, criada para os consumidores em potencial, na qual eles te retiram o discernimento através de um rígido sistema de demonização da diferença, que faz com que os alunos busquem um padrão de comportamento e de pensamento. Eles te ensinam a fazer contas, pois eles querem que você saiba pagar as contas da sua futura casa, eles te ensinam a ler, para que você obedeça à todas as leis que eles te empurrarem, eles querem que você pratique atividade física para que você não morra no meio do caminho. A escola é o lugar onde o ser humano torna-se coisa, onde o desenho da borboleta é mais bonito por que a professora ( pobre alma mal preparada e mal remunerada) não compreendeu o surrealismo digno de Dali que você usou nas suas montanhas sob o luar de fim de agosto. É o lugar aonde nada pode ser diferente do que já existe, as pessoas diferentes são excluídas, as ideias diferentes são excluídas. Escola, Igreja e Família formam a tríade que te levará a não ser mais quem você é, buscando te influenciar de todas as formas possíveis. Você não mudará o mundo para melhor nem para pior, apenas patrocinará o continuísmo, defendendo com unhas e dentes idéias plantadas em você.

30 de ago. de 2011

Sinto

Sinto, logo, existo.

Vejo... estão chegando, estão chegando outra vez mais.
Aproximam-se, ouço os cascos dos cavalos batendo no chão.
O cheiro do meu suor de repente parou de me icomodar, senti aquele pulsar de adrenalina se espalhando de sua forma gélida e logo após morna pela minha corrente sanguinea.
Senti meu sangue escorrendo pelas minhas costas, "aproximadamente 4 dedos abaixo do meu pulmão " pensei.
Corri como se a dor fosse suportável. Após encontrar abrigo é que a dor realmente chegou.
Estava ferido.

Não fosse a chuva meu rastro sanguineo estaria facilmente rastreável.

Adormeci, e acordei, não sei quanto tempo depois, talvez a bala tenha pego apenas de raspão, a dor continuava pungente, porém, agora, eu só podia pensar em sobreviver.

Ouvi os cães. Corri para fora dos arbustos em que me encontrava. Subi na primeira árvore que vi. Ouvi balas cortando o ar metros atrás de mim, talvez tanham me visto, talvez estejam blefando. O fato é que o mundo está ficando perigoso demais para mim. Porém. Não pretendo sair dele tão cedo. Não sei quantas horas se passaram desde que estava à beira do rio a beber àgua. Sabia apenas que continuava sangrando, e que assim morreria em breve. Mas não nas mãos daqueles seres desumanos, nem de seus servos cães. Livres somos nós. As raposas.

9 de ago. de 2011

Solitário

Eu vinha andando pela rua, me pediu um cigarro. Dei o cigarro e um troco para comprar um vinho, ninguém merece o frio deste mês sem um bom vinho.
Me agradeceu, como deveria fazer, e cuspiu na minha cara.

E esta foi a primeira vez que nos vimos, parecia me perseguir onde quer que eu estivesse.
Por 3 anos, o vi em lugares inesperados todos os dias.
Um dia, vestido de Armani sentado na mesa do meu chefe, outro dia jogado no chão com roupas rasgadas e um trapo de cobertor velho.

Não sei bem quem é. Na verdade, não sei nem se ele existe.
Ele drena meus sonhos, sempre me senti um tipo de deus. E de repente eu nem sei como poderia evitá-lo.

Sou um deus prepotente que mora de aluguel em um apartamento de 36m², definitivamente não sou um deus, aquele olhar triste e sádico me assombra. Tenho medo de me tornar assim, de um dia sentar-me na mesa do meu chefe, e no outro dia deitar-me na rua sob um trapo de cobertor velho. Solitário, o mais triste é que está sempre solitário. Será que termino assim?

( Postado no Quimera Tônica - dia 26/06/2011 )

22 de mai. de 2011

10:32 AM - 23/03/2011 D.C.

Os vi todos,

Ao passar, ví-os rastejar,
Ví-os pedir
Ví-os...
Fome...

Ví, vim, acovardei-me e nada fiz,
Não tenho vergonha disso,
Nada poderia fazer,
ou pelo menos,
isso sempre foi o que quiseram que eu pensasse...

( Publicado no Quimera Tônica - dia: 23/03/2011 )

Isaac

" Isaac tinha mais que alguns feijões nos bolsos" os pais dele disseram, nervosos.

O Isaac agora estava internado, e parecia ser "para sempre", ou pelo menos para o "enquanto dure", o efeito ou Isaac.

Isaac não gostava de carnaval...
Isaac não lia Camões...

Isaac era um filho da puta, daqueles que não fazem nada, mas sempre que você o via dava uma vontade de atacar uma pedra. Alguns corriam atrás dele...

Foi encontrado no centro de exposições, às 3 da tarde, semi-vivo, morreu a caminho do hospital. Tinha 3 feijões no estômago, sua refeição na última semana.

( Publicado no Quimera Tônica - dia 21/03/2011)

Padrões

Era um daqueles que vivem num mundo normal,
Lia coisas normais, ouvia músicas normais,
Brincava na rua normal
Caia...
___________...e...
_______________...ralava o jelho...
___________________________...normal...

Suas notas, na escola, eram normais
para um menino pobre
tinha um cachorro normal, que latia normalmente

Sua familia era normal, sua mãe era normal,
Seu pai era normal ...
________________... Seu tio...
________________________Seu avô...____________________normais...
Seus sonhos... futuro...

Seu fim... tudo era normal demais para se acostumar...

Normal...________________previsível...____________________ tornou-se desprezível...

Tinha um fuzíl normal, daqueles que os soldados normais,
normalmente usam nas guerras normais...

Planejou isto pelos seus trinta e cinco normais anos de vida- Vida normal

Levou de forma anormalmente deplorável, todos os próximos, junto a sí, para o inferno.

( Publicado no Quimera Tônica - dia: 03/03/2011 )

Anna

Anna era do tipo de gente que tem o poder de encantar por onde passa.
Parecia que as flores ficavam mais lindas, que o ar ficava mais fresco, que o feijão ficava mais gostoso. Era dotada de um sorriso que faria o melhor dos guardas do rei abrir o quarto do rei e matá-lo se ela pedisse.

Não comia carnes - costume incomum para a época- pois não queria matar nenhum animal.

Usava roupas confortáveis, nada muito bonito, trabalhava na roça com seus pais, e estudava na escola improvisada da cidade, onde a aula era dada pelo padre ( único cidadão que sabia ler e escrever, não só a língua local, mas também em latim) que aproveitava os inícios das aulas para dar a sua catequese.

As habilidades do padre sempre a impressionaram. Como alguém poderia ler e escrever em duas línguas?

Seu vestido mostrava os tornozelos com cuidado, uma mulher com panturrilhas à mostra era uma desesperada por um homem para casar-se. Aos 15 anos, a pequena sociedade já a pressionava para que arrumasse um marido, não que Anna não quisesse, seus seios já eram desenvolvidos o suficiente para aparecerem pressionados contra o tecido do vestido, o que fazia muitos garotões olharem-na com cara de bestas selvagens, simplesmente não queria agora. Queria mesmo era aprender a ler, e procurar algum trambiqueiro para lhe arrumar um bom livro grego, ah os gregos!, queria entender aquela coisa de filosofia, o padre dizia que era coisa do demônio, mas nada mais humano do que o demônio que para ela era uma invenção humana, como aquele papo de que era possível chegar à lua. Haviam terras além dos olhares, sabia que os horizontes escondiam pessoas e histórias incríveis, como o próprio cristo, que o padre sempre agradece no nosso idioma após minutos de enrolação em latim, não entendiam nada do que ele estava falando, e ele poderia estar vendendo-lhes para o demônio se quisesse. Mas era a melhor parte da aula sem dúvida. Ela ria e imaginava o significado de cada palavra que o padre dizia.

Morreu após ser pega, anos depois, lendo A República de Platão, autor considerado um grego blasfemador e como todos os gregos teve sua leitura proibida durante toda a Idade Media, acusada de bruxaria.

O padre que lhe dava aulas falou enrolado em latim pela ultima vez, ela estava amarrada à sua mãe e seu pai na fogueira ( uma bruxa não morre sozinha), de forma irônica, percebeu as enrolações do padre com um tom triste, a cidade estava de luto, mas deviam cremá-la, era a ordem direta do vaticano, quem ousaria desobedecer o vaticano? As bruxas tinham de ser eliminadas de forma cruel, seus pais foram amarrados mais abaixo na fogueira, para que ela os visse morrer antes de alcançar sua morte. Sua mãe agora com 35 anos e já acima da expectativa de vida regional, chorava e não conseguia olhar para a filha. Seu pai, homem forte e sempre sério, olhava sem foco para o horizonte da cidade. O padre terminou a enrolação. Olhou-a nos olhos com lágrimas visíveis e disse: " sempre desconfiei de você Anna, uma pessoa que toma banho todos os dias- uma pessoa limpa não precisa lavar-se tanto, era no que acreditavam na época( espanhóis fedem até hoje)- ler gregos? pra que? se Deus nos mandou o único livro que precisamos ler."

A cidade toda estava lá, era a lei, quem não estivesse era acusado de bruxaria e naquele vilarejo, não haviam muitos eventos destes por décadas, ninguém queria ser o protagonista do próximo, o padre ergueu seu crucifixo e ordenou a todos que erguessem suas mãos direitas, enrolou algo em latim, com voz ríspida e rouca, e leu o édito (documento da época que perdoava heresias como judaísmo e islamismo, desde que a pessoa se convertesse e entregasse à igreja, para a fogueira, seus parceiros de religião), e como ninguém se manifestou, ordenou que acendessem a fogueira.

O feno na base da fogueira estalava com o calor, Anna já podia ouvir seus pais gritando de sofrimento aos seus pés, o cheiro da carne assando de seus pés estava causando-lhe naúseas, seus pais já estavam desmaiados e ela sentia que estava para desmaiar, a morte no fogo não acontece ao desmaiar, você acorda antes de morrer para gritar de dor. Os três gritos foram ouvidos quase juntos, seus pais primeiro e o desespero da notícia a fez começar o seu antes, alguns segundos depois e o seu próprio grito de morte começou. Grito que atormentou a mente do padre até o final dos seus dias.

( Publicado no Quimera Tônica - dia 13/02/2011 )

Xícara

Não tenho mais paciência pra cigarro e bebida. Além de tudo, acabam com meu estômago.

...

Alguém bateu à porta, não sei quem é. Arrancar-lhe-ei a cabeça.
Não tenho paciência com estranhos. Perco facilmente minha paciência comigo mesmo.
Meus bichinhos de pelúcia estão com medo. Que tipo de homem tem bichinhos de pelúcia?

Melhor mesmo é fornicar com desconhecidos mentalmente. O toque humano é ultrajante.

Perco-me facilmente em minhas próprias teorias. Me assusto às vezes ao saber que algumas pessoas inteligentes tem teorias parecidas, e muito quando leio frases identicas às que considerava minhas. Talvez seja o mesmo sabor de chá. Talvez sejam os bichinhos de pelúcia falantes.

Tenho medo de bonecas. Que tipo de idiota satânico sádico com desejos pedófilos as criou? Aposto que a primeira boneca já era uma boneca inflável. Como ver algo belo numa reprodução da imagem humana. Como se o reproduzido fosse melhor do que o seu original.

A única coisa boa no ser humano, é que nós morremos.

Gosto mesmo é de rosas. Tenho medo do escuro.

( Publicado no Quimera Tônica - dia 04/02/2011 )

28 de jan. de 2011

Metrô - O Filme


Vida é como um metrô, às vezes você está apenas sentado naquela grande estrutura de metal em movimento vendo verdadeiros anos passarem pelas janelas.
Às vezes alguém acaba com sua prórpia vida nos trilhos, às vezes você espera encontrar alguém que já se foi em uma outra estação.
Você simplesmente vê de longe, como um mero coadjuvante, enquanto o papel de protagonista que devia ser o seu, passa pelas telas de vidro. É realmente como se você estivesse em piloto automático.
Você olha para a frente e vê a luz no fim do túnel. Ou será a sé? Enquanto isso... a vida passa.

5 de jan. de 2010

Súplico suicida de um mascate ambulante

Dia Vinte e Cinco de Março de 1993, teria sido um dia normal na vida de todos se não fossem os extra-terrestres.
Ninguém se lembra, ninguém sabe... talvez eu morra antes de convencer alguem, mas... eu vi... juro que vi.
Desceram de uma nave em pleno milharal-deve ser por que etês gostam de milho- abduziram umas vacas-não todas, as que sobraram hoje cantam funk... poderiam ter levado todas...- Ascenaram para mim. Me perguntaram o resultado do jogo do Flamengo e se eu tinha algum palpite para quem seria o campeão da copa do mundo de 1994.
Bebemos algumas cervejas. Os ets são legais quando você consegue conversar com eles. Ao final do papo sobre sexo, putaria e sadomasoquismo ( tô falando que os ets são legais, só com gente legal você pode ter esse tipo de papo), foram para sua nave e voltaram para seu planeta. Alguns anos depois me mandaram uma carta.
Não voltaram, não esperei, aprendi muito com eles. Bendita ballgag. Tocar os pés com as mãos. Olhar antes de atravessar a rua...

Caras legais esses ets... se eu fosse um pouco mais criativo diria que eles me ensinaram a dirigir uma nave espacial... Ok... acho que agora você percebeu que estou mentindo... nossa... você é um gênio!

Hoje...

Hoje eu acordei decidido a mudar o mundo.
Escovei os dentes e tomei meu remédio. Tomei um banho de aproximadamente 5 minutos e me arrumei para ir trabalhar.

Não vou mais mudar o mundo baby... vou apenas mudar o dia, pensei, mas logo percebi, se penso, por que penso? no que penso?...

Vou mudar a direção, vou trocar o pé da frente pelo de trás e caminhar para algum lugar. Mas que porra de lugar é esse? que merda!... Quem sabe onde quer chegar? ou quando se chega onde se quer chegar?... Lugares são abstratos, ou pelo menos lugares ideais são...

Mundo maldito!
Não percebem que eu apenas queria continuar dormindo?

10 de nov. de 2009

Dias e pós-dias

Esperei o elevador como quem espera um trem do metrô. Parado e prestando atenção a qualquer sussurro, as outras pessoas poderiam esperar- NÃO EU!.
Eu ando entre dois precipícios nesses ultimos segundos. Caminhando sobre uma muralha alta e extensa como a muralha da china, mas ao mesmo tempo fina e frágil como um muro de quintal. O escuro que eu imponho ao meu redor não compete com a luz do sol ou com as luzes artificiais dessas lâmpadas acesas no hall. As luzes e a minha escuridão procriam o preto-e-branco que eu vejo e até me sinto bem acompanhado dele.- Maldito elevador!... Ele é o motivo da minha demora.- Quero subir agora.
A varanda é um bom lugar. Lá eu posso acender um cigarro. Eu sempre fumei pensando " este será o último", parece que desta vez será mesmo. O ultimo maço. O último cigarro. O tempo passa rápido demais quanto estou me divertindo e moroso demais quando estou sofrendo.
A garrafa de cachaça está na minha mão. Gostaria de ter tido dinheiro para comprar pelo menos um Wiskhey. Mas nada melhor do que uma boa cachaça para esquecer do dia que passou. Que ainda está passando. Que estaria por vir.


A rotina interminável de vida podre me absorta. Olhei para o céu. Era início de tarde. núvens de cores tolas, passaros dançarinos tolos. Tolices e mais Tolices.
A corda estava amarrada.
Adeus cigarros. Adeus cachaça.
Adeus numa tela de um cinema qualquer em preto-e-branco.
Talvez cinema mudo. Chaplin sacudindo a mão no ar e uma tela negra com o escrito "The End" aparecendo em seguida.

O Diretor está me chamando. Seja ele demonio, humano ou fruto da minha imaginação embrigada.

A corda e meu pescoço combinam, como o cigarro e a cachaça e o preto-e-branco. Algumas coisas na vida realmente são romanticas.

Para meus amigos deixo meu legado. Que amigos? e que legado?

13 de ago. de 2009

A Janela Caótica

Do que é feito o homem senão de ilusão?
Do que são feitos sonhos senão de travesseiro e colchão?

Sim você pode voar, sim você pode vencer, sim você pode viver...
Mas a questão real é...

Você quer?
E como você irá mudar isso?

Olhe para o espelho e assuma que é um fracasso...
E talvez os deuses que você criou no âmago do seu cérebro precário tenham piedade de você...



Não gosto de escrever textos de auto-ajuda...

"O Espelho é a Janela Caótica" Felipe Ojeda (Bok)

5 de set. de 2008

Comemorar com estilo

Por quanto tempo o tempo insistiu em parecer maior que nós?
Por quantas palavras pobres e sem graça, procurei a sua voz?

Por que o sol tá tão forte, e tudo tão bem?
Por que eu to tão feliz?
Me sinto culpado, por não estar triste.


E que me desculpem os esfomeados e as vítimas de injustiças pelo mundo.
Mas eu estou bem.
E vou comemorar com estilo.

15 de ago. de 2008

Meu presente mais-que-perfeito

Somos muito mais que um tempo verbal.
Uma definição estranha do que é o certo e o errado
ou o bem e o mal...

Somos dois, que se completam, ou não, ou que se agrupam...
Somos lembranças e mágoas, e lágrimas e risos...
Somos dias lindos no parque, e chuvosos no trânsito...

Somos vida... estamos vivos...
Somos sorte e azar.
Somos o riso e o pesar.

Somos o telefonema de amor, e o de ódio.
O frio e o quente, a sombra e o sol...
Somos fortes e fracos,

E somos nós. O melhor que podemos ser. O nosso presente mais-que-perfeito.

Felicidade? É acreditar que ainda pode-se fazer muito, e ter esperança em tudo isso.

E é ótimo poder sonhar com você, logo depois de ouvir você me chamar de amor.

As pessoas que passam não entendem...
Não sabem o que estão presenciando quando nos vêem.

Não sabem que há um vulcão adormecido, sob a montanha de neve.
E que as coisas nunca foram como pareciam ser.

2 semanas, 2 anos... 2 vidas...

O tempo passou diferente pra nós.
Em nossos mundos particulares.
Em nossas vidas particulares.
Lá, onde nós criamos as regras, estamos juntos desde sempre.
Como se nunca tivéssemos/fôssemos nos separar.

4 de jun. de 2008

Nostalgia Platônica

-Vovó, quando a senhora era menina, a senhora brincava de boneca?
-Sim netinha, a vovó fazia as próprias bonecas com pano.
- Uau! Você faz uma boneca para mim vovó?
- Sim. Um dia a farei.

E assim se foi, assim se fez. Semanas após o diálogo a vovó reaparece na casa da garota com um pacote. E diz:

- Olha o que eu trouxe para a minha netinha.
- Ebaaaaa! A vovó me trouxe uma boneca que ela que fez.- disse saltitante- Deixa eu ver vovó?
- Ta aqui-
E a avó mostrou uma boneca de costura mal-feita. Onde os olhinhos eram feitos de botão e o tecido era flanela. O forro era claramente algodão e a boneca era toda monocromática em um tom de rosa claro.
- Vovó, para de brincar. Eu quero a boneca que você me fez.
- É essa.
- Credo vó.
- Desculpe minha netinha.

Após se desculpar. A senhora atravessou a rua chorando e sem bem olhar os carros que se cruzavam em alta velocidade.
O inesquecível fato aconteceu. E a senhora foi atropelada por um caminhão e destroçada. A boneca agora estava cheia de sangue da senhora que estava estendida esperando apenas o auxílio médico. A garota da janela viu a sangrenta cena e até os 30 anos verá e reverá em sua mente aqueles últimos segundos e suspiros da avó.


#####24 anos depois######


- Senhora, você poderia me fazer uma boneca dessa?
- Essa tá fora de linha.
- Senhora, te dou cinco vezes o dobro da boneca mais cara da loja.
- Ok. Como quer?
- Monocromática em rosa. Com botões nos olhinhos. Bem simples e mal costurada e com o forro de algodão e o tecido de flanela.


27 de mai. de 2008

Todo e tudo

Toda forma de escrever é uma forma de escrever errado

Todo povo faz o rei, e se o rei faz outro rei se torna povo
Todo morto de fome é 10% de 50% de 220% de estatísticas inúteis que nunca caberão em um prato vazio.
Todo o conhecimento humano ( Vácuo) cabe num (Apenas em um) vaso ( Evite urinar nas bordas). E após seu uso Dê descarga. Lembre-se que outros utilizarão deste após você. ( Jogue o lixo no lixo)
Todo e tudo e todos e tudo mesmo e tudo mesmo em todos e todo mundo em todo mundo.
O poder é uma orgia de sucção.
Mas sim. Ainda tenho bom faro para sua podridão.

Mas ainda assim. Deixo a mensagem: " Não pise na grama"( de Leonardo Da Vinci) e não se esqueça " Antes de entrar verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar"( de Albert Eistein )

15 de mai. de 2008

Entre a hemorróida e a Morfina

O céu azul-violeta, está quebrando, está rachando, está caindo sobre nós.
O som de seu impacto, a se sobrepor á minha voz.
O sol de lá de cima só está a sorrir.
"Esse bando de bobo, não vai ter pra onde ir"

Entre o câncer e a arte se esconde a genialidade humana
Entre uma obra torta e uma plantação de cana
Entre o Corinthians e o Flamengo e o Grêmio de Barueri
A genialidade humana é bisonha, inexata e bisonha, e inexata, e bisonha... ( segue numa sequencia infernal de comprovações cientificas)

O Cristo redentor já não está mais entre nós,
Já foi comercializado com um jovem bem feroz
Um grego, alemão com sangue do nordeste
crucificou o Cristo, e chamou de cabra da peste

Lavou depois a mão num balde no seu quintal
Perguntou pra um jegue o que era melhor?
A seleção de 70 ou um disco voador
e o jegue respondeu: "O carnaval na Bahia."

A ideologia, hoje você compra na vitrine.
Você escolhe a cor, o simbolo e até o regime.
E antes de levar nem testa na cabine.
Por que aqui você trocar que não é crime.

Entre a morfina e a hemorróida,
Os poucos momentos de sanidade,
Os poucos segundos de sobriedade,
Metade da metade, da vida pela metade.

13 de mai. de 2008

Tâmaras

2068, Felipe aos 79 anos

Aposentado, enrugado.
Caminho e amasso folhas secas como quem mal anda. Uma vez por semana saio para dar uma volta.
Algumas crianças sempre brincam naquela praça. Naquele banco. Naquelas flores...
Ó, nostalgia. Que tens me acompanhado por tantos anos.

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Meu mp3 player ligado ( como sempre, sou um idoso saudosista), ouvindo uma velha cantora do meu tempo: Maria Rita, é seu nome.
E como ela me lembra aquela jovem, a... a...
Sim, o Alzheimer me roubou muitas lembranças, inclusive seu nome. Mas nunca me esquecerei do seu cheiro. Do seu rosto, do seu sorriso. Mesmo que senil, até morrer, carregar-te-ei comigo.

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Quando entro na quitanda, escolho sempre as mesmas coisas. E são sempre as mesmas tâmaras.


PS:Mp3? Eu errei... em 2068 eu ouvirei meu MP 300... q terá a função de descarga na privada via bluetooth.

8 de mai. de 2008

Sobre textos novos...

Eu queria fazer um texto novo...
Mas não sabia de quê...
Não quero fazer um texto de amor...
nem um sobre nascer e morrer...
não quero fazer texto algum...
ou nenhum...
Eu quero um texto sem reticencias...
com a certeza que eu não tenho agora...
hei de buscar inspiração em qualquer coisa...
mas no que?...
não sei...
nem imagino sobre o que escrever
e talvez nem escreva nada...
...

Vou continuar escrevendo no meu livro, e só escreverei no blogue quando a inspiração chegar.