Esperei o elevador como quem espera um trem do metrô. Parado e prestando atenção a qualquer sussurro, as outras pessoas poderiam esperar- NÃO EU!.
Eu ando entre dois precipícios nesses ultimos segundos. Caminhando sobre uma muralha alta e extensa como a muralha da china, mas ao mesmo tempo fina e frágil como um muro de quintal. O escuro que eu imponho ao meu redor não compete com a luz do sol ou com as luzes artificiais dessas lâmpadas acesas no hall. As luzes e a minha escuridão procriam o preto-e-branco que eu vejo e até me sinto bem acompanhado dele.- Maldito elevador!... Ele é o motivo da minha demora.- Quero subir agora.
A varanda é um bom lugar. Lá eu posso acender um cigarro. Eu sempre fumei pensando " este será o último", parece que desta vez será mesmo. O ultimo maço. O último cigarro. O tempo passa rápido demais quanto estou me divertindo e moroso demais quando estou sofrendo.
A garrafa de cachaça está na minha mão. Gostaria de ter tido dinheiro para comprar pelo menos um Wiskhey. Mas nada melhor do que uma boa cachaça para esquecer do dia que passou. Que ainda está passando. Que estaria por vir.
A rotina interminável de vida podre me absorta. Olhei para o céu. Era início de tarde. núvens de cores tolas, passaros dançarinos tolos. Tolices e mais Tolices.
A corda estava amarrada.
Adeus cigarros. Adeus cachaça.
Adeus numa tela de um cinema qualquer em preto-e-branco.
Talvez cinema mudo. Chaplin sacudindo a mão no ar e uma tela negra com o escrito "The End" aparecendo em seguida.
O Diretor está me chamando. Seja ele demonio, humano ou fruto da minha imaginação embrigada.
A corda e meu pescoço combinam, como o cigarro e a cachaça e o preto-e-branco. Algumas coisas na vida realmente são romanticas.
Para meus amigos deixo meu legado. Que amigos? e que legado?
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