5 de nov. de 2013

Sobre o desespero

E de repente senti um súbito desespero,
uma vontade desengonçada de viver que não cabia em mim.

Decidi viver tudo o que poderia em apenas um dia.
Sentir, ser, crer...
A vida é uma só e cada segundo é tão valioso...

"Tarde demais", talvez diga-me Thanatos,
malditos sejam os segundos que desperdicei. E foram tantos...

E agora esse desespero, esse mar de mágoas no qual me afogo.
Está me deixando sem ar.

Onde estão Deus e os seus anjos agora?
Onde está a famigerada ciência agora?
Quando alguém que você ama está com câncer... Você vê que é tudo perfumaria.

Tentei chorar e não saiu uma lágrima.

Poderiam me tirar tantas coisas.
Porquê escolheram o chão?







10 de ago. de 2013

Sobre não sermos azuis



E esta foi a última exigência.
Algo sobre não sermos azuis o suficiente. Talvez quase um pouco nem tanto.

Insuficientemente.



10 de mai. de 2013

Sentimentos

Sob o azul celeste céu de maio, rodeado pelo frio da manhã, a criança no carro à frente mostrou-me seu dedo médio e também a língua.

Senti imediatamente um ódio mortal, algo romântico, como, de repente, eu odiava aquela criança.

...

Por outro lado, me despertou, ainda que por alguns segundos, sentimentos não mecânicos.

De coração, a agradeço por lembrar-me de que ainda estou vivo e de que ainda posso ser espontâneo.


14 de mar. de 2013

Nem sei como


Tenho andado sei lá como, cabeça a mil, piloto automático o dia inteiro, eu durmo na sexta-feira e já é a próxima quarta-feira.

Sinto saudades do tempo que eu enfrentava o mundo com tantas certezas, cabelos nos ombros, um pouco menos de gordura abdominal, o velho baixo na mão...
Das calças rasgadas, da vida errada, agora nem tempo para errar eu tenho.

Essa bagaça de tempo é relativa, hoje sinto que um ano é um mês, não consigo mais parar para escrever, ouvir uma música, é desesperador, e por mais que eu tente sempre estou decepcionando alguém. E o pior, nem sei como.